Após 17 anos sem
discussões unificadas, na tarde desta quarta-feira, a comunidade universitária
da UFSC deu um primeiro grande passo para a retomada desta prática importante:
realizou uma assembleia universitária para discutir a inviabilidade do segundo
semestre letivo frente aos cortes orçamentários que vêm sendo aplicados pelo
Governo Federal e a Reitoria.
Deste momento histórico, participaram
cerca de 400 estudantes, docentes e técnicos-administrativos em educação (TAEs)
dos diversos Centros de Ensino, departamentos e setores, com informações e
avaliações que visavam responder à seguinte pergunta: “É possível iniciar o segundo semestre com as condições que temos na
UFSC?”
Com quatro pontos de pauta
aprovados pelos presentes (condições de trabalho, condições de permanência dos
estudantes, cortes orçamentários e início do segundo semestre), deu-se início à
assembleia com três falas de abertura, feitas por um representante de cada
segmento.
A estudante enfatizou que
a permanência numa instituição de ensino superior é um direito que deve ser
assegurado a todo estudante, e a UFSC não vem garantindo as condições mínimas
de permanência nem mesmo aos que apresentam vulnerabilidade sócio-econômica. Ressaltou
ainda que os estudantes precisam se unir aos trabalhadores para que as
reivindicações da greve sejam atendidas o mais breve possível.
Tanto o TAE quanto a
docente que falaram em nome de suas categorias destacaram que o tratamento que
o Governo vem dando às universidades públicas as encaminha cada vez mais ao
sucateamento e ao empresariamento (em especial, pelas ditas “parcerias
público-privadas”). Com os recentes cortes orçamentários, as condições de
trabalho, que já não são boas, se agravarão. Já é possível sentir a falta de
materiais para atividades rotineiras, paralisação de atividades em cursos de
graduação e pós-graduação, ausência de aquisição de equipamentos... Também
ganhou destaque a ausência de políticas de combate ao assédio moral, de
política de creches e de segurança no trabalho, além de reflexões quanto à
jornada de trabalho de 30 horas semanais aos TAEs, a criminalização de
movimentos grevistas e alta rotatividade de trabalhadores.
A plenária pôde manifestar
suas opiniões em falas que se dividiram em 2 blocos. Manifestaram especialmente
questões relacionadas à omissão da Reitoria e direções de Centro de Ensino
frente aos cortes anunciados, necessidade de auditoria da dívida pública
brasileira, política de permanência estudantil, política de creches para pais e
mães da comunidade universitária, assédio moral e criminalização dos movimentos
de greve (foram citados exemplos de intimidação a estudantes praticada por
professores), e, principalmente, à necessidade de união entre os três segmentos,
e de uma greve geral na educação.
Como encaminhamentos,
destacam-se:
-
Realizar ato no Conselho Universitário na quinta-feira, 13/08/2015, às 13h;
-
Organizar assembleias por Centro de Ensino para a próxima semana, e nova assembleia
universitária a ser agendada pelo Comando Unificado de Greve/UFSC;
-
Intensificar a campanha “Abra as contas, Reitora!”;
-
Publicizar o orçamento e os prejuízos causados pelos cortes, bem como os
critérios utilizados para aplicação destes;
-
um dia de parada na semana que vem, com ato unificado;
-
uma assembleia por categoria na semana que vem para retirar pautas unificadas
da próxima assembleia universitária;
-
maior participação dos estudantes no Comando Unificado de Greve/UFSC.
Uma nova assembleia
universitária deverá ser organizada dentro das próximas semanas, trazendo para
discussões e encaminhamentos outros pontos de interesse conjunto dos segmentos.
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